O Brasil e a Proteção da Camada de Ozônio: uma parceria bem-sucedida entre governo, setor produtivo e sociedade.

“Nesses 30 anos, o Protocolo eliminou mais de 95% das substâncias que agridem a camada de ozônio e ajudou a reduzir a emissão de substâncias de efeito estufa de uma forma significativa”, afirma especialista

Entrevista: Miguel Quintero

 

 

Engenheiro químico pela Universidade Nacional da Colômbia, Miguel Quintero trabalhou desde a década de 1980 como especialista em espumas de poliuretano na Colômbia, nos Estados Unidos e na Suíça.

Desde 2008, desenvolve consultoria como especialista internacional na área de espumas de poliuretano para a Unidade de Implementação do Protocolo de Montreal do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), sendo responsável por auxiliar diversos países da América Latina na implementação técnica de seus programas nacionais para eliminação dos HCFCs, dentre eles, o Brasil.

Quintero também é membro do Grupo de Recursos de Operações do Ozônio do Banco Mundial na área de espumas e integrante do Comitê de Opções Técnicas de Espumas do Protocolo de Montreal desde 2002, tendo exercido a função de co-presidente até 2015.

Em entrevista exclusiva aos parceiros para a implementação do Protocolo de Montreal no Brasil, o especialista comentou sobre a importância do país na implementação do Protocolo de Montreal, a inclusão dos HFCs na cesta de substâncias controladas e o sucesso dos 30 anos do tratado internacional.

Qual a importância do Protocolo de Montreal nesses 30 anos de história?

A importância do Protocolo de Montreal reside, primeiro, em seu aspecto global: o Protocolo de Montreal é um dos programas ambientais mais exitosos das Nações Unidas, e não apenas dentre os relacionados à temática ambiental, mas dentre acordos de todos os tipos no âmbito das Nações Unidas. Agora, se pensamos no porquê de ter se dado esse acordo e no porquê de ter sido tão exitoso, tenho alguns pontos a apresentar. Primeiro, acredito que o êxito se deu em função da base científica muito clara que possui. Os trabalhos dos professores Rowland e Mario Molina foram pioneiros para comprovarem a existência de substâncias que agrediam a camada de ozônio, e isso deu uma base científica ao Protocolo totalmente inquestionável, de forma que a grande maioria dos cientistas do mundo concordam com isso. Segundo, porque foi um esforço conjunto dos governos, das entidades acadêmicas e da indústria, do qual ninguém ficou excluído. Esse esforço conjunto levou à adoção de metas comuns entre todos para cumprir os objetivos do Protocolo. Terceiro, porque o Protocolo tem objetivos muito claros, que, primeiramente, foi a eliminação dos CFCs e, agora, estamos terminando a eliminação dos HCFCs, completando mais de 95% de eliminação das substâncias que agridem a camada de ozônio. Isso é um êxito muito grande. Esses objetivos são muito claros e muito fáceis de serem quantificados e mensurados.

Em sua opinião, que características do Protocolo de Montreal facilitam a inclusão de novas metas nesse tratado, como o controle e redução do consumo dos HFCs, com a aprovação da Emenda de Kigali em 2016?

A metodologia de trabalho do Protocolo de Montreal sobre o consumo, e não sobre as emissões, garantiu o sucesso desse tratado. Por isso, o Protocolo decidiu agora utilizar a mesma metodologia e incluir na cesta de suas substâncias os HFCs, que não agridem a camada de ozônio, mas que têm um alto potencial de aquecimento global, ou seja, tem um efeito muito negativo na mudança global do clima, e agora o Protocolo vai começar também a controlá-los. Nesses 30 anos, o Protocolo eliminou mais de 95% das substâncias que agridem a camada de ozônio, mas não só isso. Conjuntamente, ajudou a reduzir a emissão de substâncias de efeito estufa de uma forma significativa ao eliminar os CFCs e demais substâncias destruidoras do ozônio. Isso significa que o Protocolo conseguiu, quantitativamente, um progresso maior que o Protocolo de Quioto, dos anos de 2008 a 2012.

Como vê o papel do Brasil na implementação exitosa do Protocolo de Montreal?

O Brasil é um dos países mais importantes do mundo dentre os países em desenvolvimento e, em consumo, encontra-se apenas abaixo da China e da Índia; talvez seja o terceiro ou quarto país do mundo em consumo de substâncias destruidoras do ozônio. O Brasil foi muito importante no desenvolvimento da Emenda dos HFCs com suas posições. Uma posição autônoma, que enriqueceu o debate no Protocolo. O Brasil também tem sido um modelo, porque vem cumprindo com todas as metas do Protocolo. As instituições implementadoras brasileiras são um modelo para outros países da América Latina, onde países como Brasil cumprem um papel muito importante para liderar países menores na rota exitosa ao Protocolo.

 

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